#71 - O Jogo da Subida, o Balanço e o Futuro
O Jogo da Subida
Confirmou-se aquilo que todos esperávamos e que as probabilidades deixavam antever. Só em condições muito atípicas é que a subida de divisão não se concretizaria. Ainda assim, não pensámos noutra coisa que não a vitória até porque, com a derrota da Física, poderíamos ficar em 1º lugar na nossa série e garantir o direito a disputar o título de Campeão Nacional da 2ª Divisão contra o 1º classificado da outra série.
O jogo contra a AD Oeiras não foi nada fácil e saldou-se por um empate a 2 golos. A equipa de Oeiras apresentou-se de forma bastante organizada e apostava nos contra-ataques, sempre muito rápidos e perigosos. Foi dessa forma que chegou à vantagem, ainda na primeira parte. O resultado manteve-se assim até ao intervalo. Apesar de termos estado a perder por 1-0, as notícias que vinham de Torres Vedras eram animadoras e davam alguma tranquilidade.
Com o recomeço da 2ª parte viu-se um Sintra diferente para melhor, denotando maior acutilância em termos ofensivos. De facto, apenas uma excelente exibição do antigo guarda-redes do Sintra, Ricardo Piteira, fez adiar o já merecido golo do Sintra. Mas o inevitável acabou por acontecer. Numa jogada de contra-ataque Hugo Lourenço remata forte com a bola a embater na tabela por detrás da baliza e a sobrar para Carlos Godinho que estava do outro lado e com a baliza à sua mercê para fazer o 1º golo do Mágico. O espírito de vitória, como já mencionei, esteve sempre presente e o Sintra continuou a criar diversas oportunidades. De forma natural, o Sintra fez o 2º golo após um trabalho fantástico de Carlos Godinho que assim bisava no encontro. Godinho recebeu a bola já dentro da área, levantou-a e colocou-a por cima do guarda-redes adversário. O pavilhão ficou ao rubro! O Sintra prosseguiu o seu domínio e só através de um penaltie, já perto do final do jogo, o Oeiras chegou ao empate.
Antes do jogo acabar já se fazia a festa pois o jogo em Torres Vedras tinha terminado com a vitória da Física. O pavilhão todo de pé batia palmas e gritava pelo Sintra gerando um ambiente extraordinário. Assim que se deu o apito final, a festa instalou-se! A alegria misturou jogadores, técnicos, dirigentes e adeptos, dando uma imagem muito bonita e que no fundo reflecte a comunhão existente entre todos.
O Balanço
Os objectivos eram claros e foram cumpridos, no que à equipa e aos Ultras Sintra diz respeito. Sabíamos do valor dos nossos jogadores e daquilo que nós lhe poderíamos oferecer à imagem do que aconteceu nas duas épocas anteriores. A sintonia entre jogadores e claque foi evidente desde o início. Porém, para ambas as partes, houve alguns altos e baixos.
A equipa começou a 1ª fase com grande fulgor somando um número considerável de vitórias consecutivas. Em seguida baixou um pouco mas até final da fase inaugural segurou o 1º lugar. A 2ª fase revelou-se, naturalmente, mais complicada e a equipa foi um pouco inconsistente, alternando excelentes exibições e vitórias concludentes sobre alguns dos mais fortes adversários, com exibições paupérrimas e resultados decepcionantes. A subida esteve de certa forma em causa até que vencemos fora o Sesimbra, a poucos jogos do final, ultrapassando-os na classificação e ocupando posição que nos dava a subida. Daí para a frente a equipa mostrou-se imparável e os resultados estão à vista.
Os Ultras Sintra, diga-se de passagem, também tiveram alguns momentos melhores do que outros, o que reflecte algumas circunstâncias já abordadas (vezes de mais até). O que é garantido é fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para ajudar a equipa e para contribuir para o espectáculo.
Embora alguns se tenham destacado, todos os jogadores merecem as melhores considerações pelo empenho e dedicação que demonstraram. O Alegria (Tójó) esteve insuperável na baliza, mas não podemos esquecer o Pedro Santos que também é um grande guarda-redes; o Roquete mostrou-se a um nível superior ao da época passada e foi um pilar da nossa defesa; o Lourenço (Caleta) foi incansável e foi um exemplo de garra e determinação; o Pedro Ramos esteve ao nível que nos habituou resolvendo aquilo que às vezes parecia difícil; o Carlos Godinho provou ter sido uma óptima aquisição ao marcar muitos golos e ao desequilibrar as defesas adversárias com a sua velocidade; o Diogo e o Mauro confirmaram o seu potencial e evoluíram bastante; o Shultz e o Jorge Almeida não deixaram de ter a sua importância, sendo parte da base do plantel de há alguns anos a esta parte, e cuja saída é de lamentar. Um palavra de incentivo para todos os Juniores que durante a época foram sendo chamados e em quem se depositam grandes esperanças.
O Futuro
Infelizmente existe a sensação de que estamos num ciclo vicioso do qual é difícil escapar. Chegando à 1ª Divisão deparamo-nos com clubes cujos orçamentos são incomportáveis para um clube como o Sintra, e que distorcem a competição. Os clubes do Norte e das Ilhas, em particular, têm apoios que na nossa região não se registam nem de perto. Há que apelar às forças vivas de Sintra para que apoiem o Sintra pois este é uma instituição histórica que faz falta à 1ª Divisão. Temos de consolidar a nossa posição entre os grandes.
Mas a esperança existe. Partiremos para uma nova época que sabemos que será difícil mas que, lutando em conjunto, talvez nos permita sorrir no final. O actual plantel merece total confiança e apoio, não pondo de lado a necessidade de 2 ou 3 reforços que aliem qualidade e experiência. O clube dispõe de excelentes activos, isto é, de jovens vindos da formação que possuem grandes qualidades e que jogando ao mais alto nível terão condições muito favoráveis para o seu desenvolvimento.
Perante os constragimentos existentes a aposta na formação é inevitável e a actual base da equipa também deverá manter-se. Reforços apenas se forem uma clara mais-valia para o clube e se tal for viável. É necessária uma gestão responsável e sustentável. É do conhecimento de muitos as dificuldades financeiras sentidas ao longo desta época, portanto, antes de se pensar em eventuais reforços é indispensável cumprir com as obrigações para com os nossos actuais jogadores que tudo fizeram pelo clube e que nos deram grandes alegrias.
Nós, os Ultras Sintra, gozaremos agora de um merecido repouso, aproveitando para recompor as cordas vocais bastante degradadas ao fim de uma longa e extenuante época, tendo no pensamento a próxima época e os deveras motivadores desafios com que nos iremos debater e que, com maior ou menor sucesso, nos farão crescer enquanto claque e que irão reforçar os laços de amizade que nos unem, assim como farão aumentar ainda mais a admiração pelo clube que com tanta dedicação apoiamos.